sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O Troféu

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Não é que você não tenha mais tempo para mim
Você só não quer que eu faça parte da sua galeria de troféus.

Eu já perdi o brilho e venho desbotando com o tempo
Quanto tempo estive aqui e sequer me poliu
E como queria que eu durasse?

Seus olhares são para os novos, que ainda brilham
Não vai querer olhar para mim,
Você me ganhou ou eu me entreguei a você?

Eu fui feito para ti, cada medida, cada pequeno detalhe
Fui feito a mão, com carinho, com toda a dedicação de alguém apaixonado.
Não precisava me deixar só, empoeirando num canto qualquer da sua sala.

Não vejo mais o brilho no seu olhar, sequer vejo o seu olhar
Você me deixou, foi escolha sua antes que eu a tivesse deixado.
Quando realmente esteve comigo, vai sentir falta daquele lugar na estante
Quando eu realmente não estiver mais ali, ou simplesmente irá me substituir?

Não seria trágico se um troféu fosse quebrado? A sua importância onde foi parar?
Talvez, realmente não fosse para estar ali, talvez não tenha sido merecido.
Qual o mérito em não se importar?

Com toda a dedicação que me entreguei a ti
Pensando que fui feito a sua medida, que caberia perfeitamente naquela estante
E que ali ficaria para sempre, brilhando.
Mas quem não lustrou foi você, agora eu não tenho mais que ficar aqui.
Meu brilho não é seu, e se realmente quisesse que fosse teria feito por onde.
Agora eu não sou mais um troféu. Não irei ficar na estante de ninguém.
Não que eu não goste disso, mas não fui feito para ser um objeto sem esperança.

Me derreti, agora, não me moldarei para mais ninguém.
Que saibam aproveitar o que sou, e se eu permitir fazer de mim o que quiserem.

Seu maior troféu se foi, sem saber que o tinha ganho. Sem falta, falta sentirá.

Rafael Ferreira

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